Tem apenas três anos de existência mas a juventude não a tem impedido de ajudar a mudar a cara da cidade de Aveiro (e agora também de Ílhavo). O trabalho da Ponto Urbano começa a ser cada vez mais visível: prédios antigos que se requalificaram, novas construções que vão pontuando o centro. À frente desta empresa está Paulo Martins, de 46 anos, um empresário que prefere nomear toda uma equipa quando é questionado sobre o segredo do sucesso. Natural da Mêda, Guarda, mas a residir em Aveiro há mais de 20 anos, confessa que se sente um verdadeiro aveirense, não obstante as suas origens serranas.
Contada na primeira pessoa, a história que conduziu à afirmação e crescimento da Ponto Urbano parece ser simples. À experiência de “mais de 20 anos” de trabalho na área -, Paulo Martins juntou depois uma equipa de “colaboradores experientes, dedicados e com muita garra”, destaca. “Uma equipa jovem mas que tem vontade de trabalhar e aprender”, especifica o empresário, que faz questão de os nomear um por um. Começando pelo jovem arquiteto Mário Alves, passando por Pedro Oliveira, Sofia Costa, Pedro Fernandes e Bruno Paiva – que já tinham trabalhado com o empresário em projetos profissionais anteriores –, e terminando em João Queirós, a mais recente contratação.
Para manter o espírito de equipa, Paulo Martins faz questão de almoçar todas as sextas-feiras com os seus colaboradores. “Gosto que eles discutam os trabalhos, que visitem as obras de cada um deles e que vistoriem as obras uns dos outros”, revela o empresário.
Mais de 30 milhões de investimento
Neste momento, a empresa tem oito projetos em mãos (Puro Homes, Puro Tower, Cinco Avenida, Lux, Porta 10, Edifício Spot, Garden e Point – este último, no Porto). Contas feitas, são 32 milhões de euros de investimento em curso, com uma nota comum a praticamente todos os empreendimentos: grande parte das fracções são vendidas bem antes de as obras terminarem. O motivo? “A localização é o factor mais importante no imobiliário”, desvenda, acrescentando, ainda, a importância da “qualidade do projeto” e “a qualidade de obra”.
Confiante de que “ainda há margem para crescer”, Paulo Martins revela que a Ponto Urbano tem na calha mais três projetos, a serem lançados na cidade de Aveiro. Ainda assim, garante, o crescimento terá de ser sustentado, permitindo à empresa “adaptar-se” caso o “mercado imobiliário comece a arrefecer”. “Não fazemos só promoção imobiliária; também fazemos obras para terceiros, como é o exemplo da requalificação do Bairro de Santiago, para a câmara de Aveiro”, exemplificou.
Trocar o escritório pelas obras
Paulo Martins não é dado a passar muito tempo no escritório. Não gosta de estar fechado e atrás de uma secretária – o que quer dizer que esta foto não corresponde ao seu dia a dia. “Sinto-me bem nas obras, ao pé deles, a ver como é que elas crescem, a corrigir, chamar a atenção”, testemunha. “Até mesmo para a limpeza da obra pois ninguém consegue fazer bons acabamentos com obras sujas”, exemplifica, confessando que também é especialmente exigente com as questões da segurança no trabalho.
Elegeu Aveiro como a sua “cidade”, mas continua a manter a ligação à terra natal, na qual mantém “vinhas, olivais e uma pequena adega”. “Trabalhei em Coimbra e Viseu antes de vir para Aveiro, fiz obras pelo país inteiro, mas Aveiro é uma cidade fora de série”, testemunha. Continua a acreditar nela e no seu desenvolvimento e está determinado a assumir a sua quota parte de responsabilidade nesse crescimento como empresário.
Os projetos de novas construções têm sido intercalados com operações de reabilitação urbana – a recuperação do edifício Tear, na Avenida Lourenço Peixinho, é um dos exemplos -, área à qual a empresa quer continuar a dar especial atenção. Com essa ressalva: “reabilitar não é só limpar aquilo que lá está e deixar ficar. É preciso reabilitar bem”. “Muitas vezes, as bases são materiais com muita dificuldade de sustentabilidade, já estão muito degradados. E há sempre uma resistência em substituir uma fachada por uma nova, exatamente igual, com os mesmos traços, mas com materiais que possam durar mais”, argumenta.
Paulo Martins exemplifica com o caso dos painéis de azulejos que “não têm capacidade para serem requalificados”. “Era muito mais sustentável, se as entidades o permitissem, fazer a recolha desses azulejos, recuperá-los e colocá-los em espaços onde pudessem ser conservados. E, em simultâneo, fazer azulejos novos, envelhecidos, iguais aos anteriores, e colocá-los nas novas fachadas”, exemplifica.
Defende que é preciso aumentar a comunicação entre as “entidades e os promotores imobiliários”, na perspetiva incentivar e agilizar os projetos de reabilitação, dando nova vida aos prédios abandonados nos centros das cidades. E por falar em abandono, Paulo Martins acha que a Avenida Dr. Lourenço Peixinho tem todas as condições para renascer e voltar a ser um local nobre. Prova disso é o projeto Cinco Avenida, já em curso, e a perspetiva de um outro, a lançar ainda este ano, mas que o empresário prefere não desvendar.